Celebrar o Santo António com Fernando Pessoa

Estamos a menos de uma semana da nossa primeira visita guiada em Lisboa.

No dia 13 de Junho, sem ressaca da festa, venham aproveitar a manhã para (re)descobrir Fernando Pessoa e a sua ligação com Lisboa. 

Em antecipação, deixamos aqui excertos de algumas das poesias escritas por Pessoa a propósito do “seu santo”.

Santo António

Nasci exactamente no teu dia —

Treze de Junho, quente de alegria,

Citadino, bucólico e humano,

Onde até esses cravos de papel

Que têm uma bandeira em pé quebrado

Sabem rir…

Santo dia profano

Cuja luz sabe a mel

Sobre o chão de bom vinho derramado!

 

Santo António, és portanto

O meu santo,

Se bem que nunca me pegasses

Teu franciscano sentir,

Católico, apostólico e romano.

 

(Reflecti.

Os cravos de papel creio que são

Mais propriamente, aqui,

Do dia de S. João…

Mas não vou escangalhar o que escrevi.

Que tem um poeta com a precisão?)

 

Adiante … Ia eu dizendo, Santo António,

Que tu és o meu santo sem o ser.

Por isso o és a valer,

Que é essa a santidade boa,

A que fugiu deveras ao demónio.

És o santo das raparigas,

És o santo de Lisboa,

És o santo do povo.

Tens uma auréola de cantigas,

E então

Quanto ao teu coração —

Está sempre aberto lá o vinho novo.

 
(…)

Fernando Pessoa: Santo António, São João, São Pedro. Fernando Pessoa. (Organização de Alfredo Margarido.) Lisboa: A Regra do Jogo, 1986.

No dia de Santo António

No dia de Santo António

No dia de Santo António

Todos riem sem razão.

Em São João e São Pedro

Como é que todos rirão?

s.d. Quadras ao Gosto PopularFernando Pessoa. (Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1965. (6ª ed., 1973).– 90.

A visita guiada está marcada para o dia 13 de Junho, às 10h da manhã. Para se inscrever, consulte a página Visitas Guiadas

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